
[capela] 19 Janeiro a 4 de março
começar p'lo fim | Raul Albuquerque
OS FINS E OS COMEÇOS
A transparência do ar, as palavras fazendo todo o sentido, o incomensuravelmente simples. Diante de nós do lado de fora tudo é simples. A simplicidade é o que queremos, é tudo o que queremos: de resto é tudo descontentamento. Da mortalha que arde à linguagem do mar - vertigem nos olhos - como se fosse um capricho. E o que há de mais simples senão a paixão? Houve um tempo onde tudo ainda era intacto. Mal o discerníamos fundido às sombras. O mundo não poderia parecer mais breve que o fim e o começo. Começar p'lo fim - o verbo, já perdido, entre a razão e o instinto.
COMEÇAR P´LO FIM
A exposição a apresenta uma linha de investigação em processo, resultante da procura de novas técnicas|métodos em desenho, iniciada para a instalação in situ " COMO SOMBRAS À SOMBRA ", Matadouro – Funchal 2016. Descoberta a plasticidade da mortalha de papel – colagem, métrica, volumetria, luz e sombra – segue-se o aleatório da queima. Por mais geométrico que seja o estudo base, o assombro perante o resultado continua. Duas vivências sequenciais marcam este processo em investigação : os desenhos suavemente deixados pelas ondas do mar na areia dourada da praia da Ilha do Porto Santo; a violência sofucante do fogo que cercou o Funchal, em 2016. Sedimentos basálticos desenham na praia a cada onda desfeita, linhas que se aproximam, afastam ou apagam, criando uma sucessão de planos em palimpsesto marítimo. O fogo em onda calórica consome irregularmente a mortalha até à zona colada, deixando um fino traço de carvão, concluíndo-se assim a junção conceptual dos elementos "primordiais".
Biografias : Cristina Freitas Branco | Nasceu em 1966 no Funchal, onde vive e trabalha. Raul Albuquerque | Nasceu em 1964 em Coimbra. Vive e trabalha no Funchal

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